Porque a Medicina não Aprende com suas Máquinas?

Eduardo Almeida, MD, PhD

Muito se tem escrito e falado a respeito do impacto das máquinas na prática médica contemporânea, em especial das máquinas usadas na diagnose médica. Normalmente, não encontramos artigos louvando a importância desses meios diagnósticos. Eles são incorporados pela medicina e se tornam rotineiros. Ou seja, são quase que naturalizados nas novas rotinas médicas.

A visão crítica em relação às maquinas médicas vem geralmente da sociologia médica e da visão conservadora, em termos da ação médica, da medicina clínica, se contrapondo à dominância da visão dos especialistas. Esses últimos, os grandes apologistas das máquinas.

Obviamente, nenhuma tendência nega a importância das máquinas para a medicina. A discussão geralmente se dá em torno do uso adequado dessas máquinas, seja em termos quantitativos (quantidade de exames solicitados), seja em termos qualitativos (dominância dos exames no raciocínio clinico, substituição do exame clínico clássico).

Em suma, o processo de incorporação das máquinas pela medicina afeta profundamente todas as instâncias da doutrina que ela representa. Interage com os vários processos médicos e redefine outros tantos. Os aspectos positivos e negativos desses processos só podem ser definidos nos contextos históricos e culturais respectivos.

Gostaria de chamar a atenção nesse artigo para um aspecto que passa completamente despercebido no debate em torno da incorporação tecnológica pela medicina que, de uma forma provocativa, chamo de incorporação das máquinas pela medicina. Trata-se da não assunção completa pela medicina de tudo o que vem com a máquina. Ou seja, uma máquina produtora de imagens não só produz imagens. Ela tem um fundamento teórico a respeito do funcionamento do organismo, ou sobre a natureza da matéria de que o organismo é composto. Ou seja, ela traz consigo determinado paradigma, que quase sempre não é captado ou “não pode” ser captado pela medicina.

Nesse artigo analisarei o caso do Eletrocardiograma e da Ressonância Nuclear Magnética como emblemáticos do processo acima citado.

O Eletrocardiograma

A descoberta da atividade bioelétrica do organismo vivo pertence ao Século XIX. O Eletrocardiograma foi desenvolvido no início do Século XX. Através de equipamento medidor da atividade elétrica do coração, se pode estabelecer uma série de leituras da patologia cardíaca.

Mas, o que eu gostaria de chamar a atenção é para a forma como esse exame foi incorporado pela medicina. A medicina de paradigma quimicomecanicista vai quase que obrigatoriamente incorporá-lo segundo seus balizamentos. Ou seja, as informações bioelétricas obtidas servem para demonstrar as alterações estruturais existentes no órgão coração. Isso não deixa de ser importante, mas os fundamentos do exame vão muito além do processo estrutural, são filiados a um outro paradigma – o paradigma energético ou energéticomolecular.

No momento da Terapêutica é que fica claro a filiação paradigmática e a apropriação do exame que evidencia a atividade elétrica do coração.

A vertente mecanicista valoriza a permeabilidade das artérias coronárias, a contenção das válvula cardíacas, a força contrátil miocárdica, etc. Já a vertente energéticomolecular foca sobretudo a nutrição do órgão. Aqui compreendida como oferta e utilização de nutrientes, antioxidação e produção de energia.

Não podemos esquecer que o coração trabalha de forma contínua, onde a nutrição, a disponibilidade de oxigênio, a oxidação e a antioxidação, os fluxos iônicos transmembranas são partes fundamentais do processo. As miocardiopatias são sem dúvida a expressão mais clara do déficit nutricional do miocárdio, mas mesmo em processos onde existe déficit circulatório importante, a abordagem nutricional é de grande valia. Além disso, é significativo o número de infartos com artérias coronárias pérvias. Já esta na hora da Cardiologia, a grande herdeira do mecanicismo na medicina, incorporar também a dimensão funcional oferecida pelo paradigma energético.

A Ressonância Nuclear Magnética

Pouquíssimos médicos, inclusive aqueles que solicitam freqüentemente esse tipo de exame, sabem dos princípios da RNM. Esse exame de imagem extremamente esclarecedor, com contribuições até no avanço da anatomia, sem falar nos estudos das doenças lesionais, se baseia no fenômeno da “Ciclotron Ressonance” (CR). O princípio da CR diz o seguinte: “quando incidimos sobre um átomo submetido a um campo eletromagnético fixo (eletromagnetismo da Terra) um segundo campo eletromagnético variável, o átomo faz um movimento espiral, se esse segundo campo incidir tangencialmente, e um movimento orbital com acúmulo de energia se a incidência for perpendicular”.

Fundado nesse princípio foram construídas as máquinas de RNM. O biologista molecular Damadian solicitou ao seu colega pesquisador Ling que desenvolvesse para ele um equipamento capaz de avaliar a estrutura molecular da água, pois ele suspeitava que essa estrutura estava alterada na célula cancerosa. Ling desenvolveu um equipamento baseado na CR para avaliar o tempo de relaxamento do próton (Hidrogênio) e, assim, poder inferir sobre a estrutura molecular da água. Daí a produção de imagem foi apenas um passo. Damandian acabou ganhando judicialmente a patente da RNM.

Aqui, se trabalha a faixa de frequência do átomo de hidrogênio. O paciente entra na máquina e é submetido a um segundo campo eletromagnético perpendicular ao campo fixo. Dessa maneira os átomos de Hidrogênio acumulam energia. Subitamente o segundo campo é cortado. Os núcleos dos átomos de Hidrogênio carregados liberam imediatamente essa energia, que é captada pelos sensores calibrados para a faixa de freqüência de ressonância do hidrogênio, e através de um software as imagens são digitalizadas.

Mais uma vez, a medicina mecanicista apreende apenas o significado estrutural desse exame que oferece imagens com grande detalhe. Mas, o significado funcional do fenômeno passa em brancas nuvens.

O fenômeno da CR nos revela um dos processos fundamentais de funcionamento do organismo vivo - o fluxo de íons e água transmembranas, a água estrutural presa na matriz colágena, entre outros processos vitais fundamentais.

A Biologia complexa tem nos chamado a atenção sobre a complexidade orgânica, e sobre o alto grau de rendimento orgânico, só possível em estados de instabilidade. Prigogine se ocupou desses estudos e estabeleceu a Teoria dos Sistemas dissipativos ou Sistemas afastados do equilíbrio. O alto rendimento dos fluxos iônicos transmenbranas só é possível pela potencialização gerada pela CR que ocorre no organismo. Os macrominerais (Na, K, Ca, Mg) são minerais dielétricos e se instabilizam pelos campos eletromagnéticos a que estão submetidos e, assim, entram em estado de ressonância e alto rendimento. Ou seja, é através do fenômeno da CR que o organismo consegue realizar grandes fluxos iônicos a partir de campos eletromagnéticos diminutos.

Na figura abaixo podemos ver a faixa de ressonância de alguns minerais. Na horizontal está o campo eletromagnético da terra, fixo na faixa de 0,2 Gauss. Na vertical, campos variáveis de 0 a 100 Hertz. Notar o ponto de Ressonância do Lítio na faixa em torno de 55 Hz, o Cálcio por volta de 18 Hz, Sódio um pouco abaixo e Potássio em torno de 10 Hz. Não é por acaso que a freqüência eletromagnética do Coração está em torno de 18 Hz, que é a faixa do Cálcio, elemento fundamental à contratilidade do músculo cardíaco.

A cardiologia e a medicina mecanicistas como um todo, praticamente desconsideram o papel dos nutrientes nas funções de células, tecidos e órgãos. Utilizam exclusivamente a terapêutica química, quase sempre orientada para o bloqueio de determinado mecanismo celular. Será que podemos bloquear processos tão fundamentais como o fluxo de cálcio, através dos bloqueadores de canais de cálcio, sem riscos para o organismo? Será que não existem outras opções terapêuticas?

A terapêutica de bloqueio consegue apenas o efeito conseqüente ao bloqueio, mas com impacto secundário no processo de recuperação das células, tecidos e órgãos sobrecarregados/lesados. Não há como negar que células, tecidos e órgãos lesados se recuperam com nutrientes e não com química de bloqueio.

Para ficar apenas no campo da cardiologia não há como negar a importância de terapêuticas como:

1. Terapia com minerais em especial minerais iônicos

2. Terapias Bioxidativas: aumenta a oferta de O2

3. Terapias Antioxidantes

4. Terapia com nutrientes: ácidos graxos essenciais e os de cadeia média, aminoácidos como Carnitina, Taurina, Coenzima Q10, precursores do Glutation,

5. Proteção e Regeneração do Colágeno: Vitamina C, Lisina, Prolina